sábado, 8 de maio de 2010

Papel em Branco...

Ela olhava fixamente o papel em branco... Milhares de pensamentos soltos.

Belém, 14 de Maio de 2009

Meu querido.

Uma confusão de sentidos me impede de te escrever e prosseguir. Como te falar isso? Decidir falar isso tudo não foi nada fácil. Nunca fui de te contar realmente tudo o que sentia. Sempre me fechei no mundo, na verdade, no meu mundo, principalmente, quando estavas por perto; Sempre tão alegre. E mesmo que não estivesses muito, nunca paravas para reparar em mim e os teus olhos não me encontravam quando eu os procurava. Deves estar pensando... Mas até agora ela só reclamou.

Eu sei, vou avançar. Calma! É difícil pra mim também. Mesmo escrevendo essa carta, parece que ainda escrevo com todo receio de te machucar. Por que tantas vezes tive esse medo, se várias vezes fui alvo da tua falta de maturidade? Essa é apenas mais uma das mil perguntas que tenho que te fazer... Eu tenho realmente que fazê-las? Por que se eu as fizer quero respostas. Vais conseguir me responder dessa vez? Ou vai ser como das outras vezes que tentei chegar perto e fugiste?

Tá, vai... respira. Eu sei que é muita informação nova. Eu sei que nunca abri a boca pra falar ou reclamar de qualquer coisa entre nós. Mas se vim é porque já estou dando meu último suspiro por essa relação... Minha última gota de suor e meu último adeus.

Eu estou demorando muito pra falar o que é né?! Mas é que também estou me preparando psicologicamente para escrever certo e com todas as letras dessa vez.

Tá, lá vai... Senta direito numa cadeira. Provavelmente vai demorar um pouco. Com essa carta, vim te dizer o quanto sinto a tua falta do meu lado, no meu dia-a-dia. Nossos dias são corridos, mas a falta que me fazes é absurda. A tua mão na minha, teu rosto tão perto do meu, teus risos... Não to te cobrando aquele amor de quando éramos mais novos, to te falando pra ter mais tempo pra mim, pra me machucar menos e me deixar te mostrar muita coisa de mim que ainda não consegui. Me deixa respirar aliviada do teu lado, ao invés de me obrigar a me esconder nessa máscara e fingir que está tudo bem. Me deixa te mostrar o melhor que eu sou. Me deixa mostrar que posso ser a melhor pra ti. Eu to pedindo apenas uma única chance, porque eu nunca tive se quer alguma.

Me deixa...?

Quando pensei em te escrever tava com o discurso feito e tudo num cronograma pra seguir. Mas parece que mesmo pela carta me causas essa aflição de sempre e acabo esquecendo o que ia escrever e como ia escrever. Parece que o motivo pelo qual eu escrevi já não faz mais sentido e me sinto uma psicopata querendo atenção e suplicando amor. Não me entenda mal, não to pedindo nada disso. Só to pedindo, para me reconheceres como alguém na tua vida...

Ela parou de escrever ali, pousou a caneta sobre a mesa... Olhou fixamente pro papel escrito... Embolou em suas mãos, parou na metade do movimento... Mas a covardia foi maior...

Como todas as outras... Essa carta também parou na lixeira....

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