segunda-feira, 17 de maio de 2010

Meu Herói

Sala de espera lotada, nos rostos a expressão de sofrimento, de perda, de falta. De falta de atendimento e ausência de saúde. Ver-te naquele meio, e eu ao teu lado, foi uma surpresa. Logo tu, sempre tão forte, lutador, atlético, saudável, exceto pela diabetes - doença do demônio. Nunca me mostraste fraqueza, mas ali me pedias socorro, me pedias mais amor, mais paciência, mais amor de filha. Eu nunca deixei de ter por ti, um dia se quer, amor. Minha dedicação a ti embora nunca parecesse clara, sempre foi completa.

Eu queria te colocar no colo como fizeste tantas vezes comigo, quando eu dormia na tua cama, quando eu dormia no carro ou mesmo quando eu estava doente. Mas a tua aparência de forte e inderrubável mal me deixava te abraçar.

A falta de calor humano em ti era o que eu tinha em excesso, não tinha pessoa mais certa pra estar ali do teu lado do que eu. E eu ficaria ali quanto tempo fosse possível. Comer, dormi, tomar banho... Nada disso importava agora. Importava era o teu bem estar, o teu conforto e a tua tranqüilidade.

Fiquei mais tranqüila te vendo comer, dormir, sorrir. Te ver dormindo era a minha gota de felicidade. Mal dormi a noite com medo de que algo acontecesse e sempre que respiravas um pouco mais forte eu levantava pra vê se tava tudo no lugar certo. Ficava te olhando à noite dormindo. Ter olheiras nunca havia tido um motivo tão bom.

Agora sentada aqui de madrugada na cama, te olhando mexer os dedos das mãos enquanto dormes, como sempre fizeste, me faz ver que as nossas diferenças nos aproximam e que esse amor só cresce a cada dia. Eu sempre neguei, mas sempre serás meu herói.

Herói este que dorme agora na minha frente, meio ferido, meio fraco. E na inversão dos fatos, sou tua heroína... Agora. Ou será que fui desde sempre?


Nenhum comentário: