quarta-feira, 26 de maio de 2010

Recomeço!




Tantas mentiras, promessas não cumpridas e esperas desnecessárias a feriram. Tantos eu te amos ditos em vão e tantas lágrimas rolaram naquela face branquinha e lisa.
Naquele dia, como se acordasse de um pesadelo profundo e longo, mudou. Não de lugar, mas de decisões, escolhas, posições, postura e por que não de vida? Queria só o que tinha de melhor para se aproveitar, como na canção – “Se tudo pode ser melhor, ainda dá tempo... Do que é ruim eu me esqueço... O bom eu quero mais.”
Ela correu de braços abertos para a felicidade.
“Agora quero paz. Saiba que todo fim é um R-E-C-O-M-E-Ç-O.”


Música do Móveis Coloniais de Acaju - Indiferença. 

sábado, 22 de maio de 2010

Desatando-me

Belém, 12 de outubro de 1999.

Hoje pensei tanto em ti querido, na verdade meus pensamentos nunca saíram de ti um só momento. Mas hoje, foi bem mais forte. Sabes o que tenho passado ultimamente e a falta da tua mão na minha tem me causado revolta, perda e tristeza, profunda tristeza. Nunca te quis tão presente como agora, apesar de te querer sempre. Sei que a gente não anda muito bem, e que quando bati a porta do carro falando para nunca mais me procurar foi num momento de fúria, de raiva. Sabes mais do que ninguém que eu falei aquilo por não agüentar mais tuas sumidas e teus pós de piriplimplim. Mas agora duas semanas sem você, sem seus beijos, sem seus abraços, sem os teus carinhos, sem teus aconchegantes abraços na hora de dormi me trazendo pra mais perto de ti, sem teus pés nos meus no meio da noite, sem os teus eu te amo ao pé do ouvido. Ahhh, meu amor. Como tens feito mais falta do que o normal. Teu violão ainda está aqui no canto, pedindo aquela música que fizeste pra mim. Estamos todos sentindo a tua falta. Estou te pedindo pra voltar e esquecer tudo o aconteceu, começarmos do zero. Vamos tentar de novo, sabes que juntos sempre damos certos, separados é que causa terremotos. Volta, me desculpa. Sabes o quanto é difícil pra mim estar aqui, pedindo pra voltares. Nossos orgulhos sempre falaram mais alto. Mas eu não agüento mais essa distância e a falta que estais me fazendo. Estou abdicando dos meus orgulhos, dos meus princípios por ti. Volta?!

Ps.: Espero ansiosamente tua resposta.

 
Para sempre tua.

H.

Smeared Makeup

Olhos pintados, cabelos feitos, roupa impecável, fazia tempo que não se sentia tão bem, e tão confiante. A vontade de ver pessoas novas, até um amor novo estava disposta a encontrar naquela noite. A vontade de ter a noite maravilhosa vinha com ela na bolsa desde muitos sábados sem a fada madrinha. Só que como o encanto daqueles contos que lia quando criança. Acabava a meia noite. Era a hora exata de voltar a sua vidinha de sempre. Por mais revoltantemente que fosse sempre acatara ao encanto, ou melhor, a falta dele.



Maquiagem borrada, gotas salgadas rolavam por sua bochecha e percorriam até sua boca causando enjôo, queria dar seu grito de socorro, de liberdade como aquelas caras pintadas da época das diretas já, Abaixo a ditadura!!Fora repressão!! O AI-5 era ali, cedeu. Preferia a falta do encantamento a Barris cheios de água que afogariam seus sonhos por toda a vida.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Nouveau??!

No ônibus de volta pra casa, cabeça encostada na janela, pegando vento no rosto, adorava aquela sensação de liberdade que sempre buscara ter. Odiava era ter que encostar sua cabeça nas janelas, achava-as nojentas, e de fato eram imundas, mas o cansaço era tão grande que não resistiu. Na mão, um livro da Paula Dip, uma bibliografia de Caio Fernando Abreu. No pensamento, o beijo que o menino lhe dera minutos antes. Sabia que era um erro. E que ele tinha namorada. Mas não conseguia dizer não. Sabia que era mais uma daquelas historias que sairia com o coração partido. Mas não dizem que é só com um novo amor que se esquece o antigo? Sabia que não era amor, nem paixão nem coisa parecida, mas precisava ocupar sua mente com um alguém novo. Cansara-se do velho. Sabia disso tudo e não sabia de nada. Só sentia, não queria pensar, queria agir, queria mudar. Queria aqueles beijos, ou outro qualquer, queria uma, duas, três vezes, ou melhor, queria o beijo quando bem entendesse dar.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Meu Herói

Sala de espera lotada, nos rostos a expressão de sofrimento, de perda, de falta. De falta de atendimento e ausência de saúde. Ver-te naquele meio, e eu ao teu lado, foi uma surpresa. Logo tu, sempre tão forte, lutador, atlético, saudável, exceto pela diabetes - doença do demônio. Nunca me mostraste fraqueza, mas ali me pedias socorro, me pedias mais amor, mais paciência, mais amor de filha. Eu nunca deixei de ter por ti, um dia se quer, amor. Minha dedicação a ti embora nunca parecesse clara, sempre foi completa.

Eu queria te colocar no colo como fizeste tantas vezes comigo, quando eu dormia na tua cama, quando eu dormia no carro ou mesmo quando eu estava doente. Mas a tua aparência de forte e inderrubável mal me deixava te abraçar.

A falta de calor humano em ti era o que eu tinha em excesso, não tinha pessoa mais certa pra estar ali do teu lado do que eu. E eu ficaria ali quanto tempo fosse possível. Comer, dormi, tomar banho... Nada disso importava agora. Importava era o teu bem estar, o teu conforto e a tua tranqüilidade.

Fiquei mais tranqüila te vendo comer, dormir, sorrir. Te ver dormindo era a minha gota de felicidade. Mal dormi a noite com medo de que algo acontecesse e sempre que respiravas um pouco mais forte eu levantava pra vê se tava tudo no lugar certo. Ficava te olhando à noite dormindo. Ter olheiras nunca havia tido um motivo tão bom.

Agora sentada aqui de madrugada na cama, te olhando mexer os dedos das mãos enquanto dormes, como sempre fizeste, me faz ver que as nossas diferenças nos aproximam e que esse amor só cresce a cada dia. Eu sempre neguei, mas sempre serás meu herói.

Herói este que dorme agora na minha frente, meio ferido, meio fraco. E na inversão dos fatos, sou tua heroína... Agora. Ou será que fui desde sempre?


terça-feira, 11 de maio de 2010

Pedaço do céu...

Já passava de 3 da manhã. Sucumbida de vontade, desceu dezesseis calculados e medrosos degraus.

Abriu a geladeira...

Lembrou-se das reclamações do seu pai sobre suas formas cevadas. Fez o ato contrario, mas parou no meio.

Tinha sido elogiada no trabalho hoje cedo. Poucas e rasas colheradas não fariam mal... Será?!

Pegou o pote, seu tesouro tava pela metade.

Comeu uma, duas, três, quarto colheradas.

Chega, falou alto para conseguir parar...

Abriu novamente o pote...

O que seriam mais cinco ou seis colheradas??!

sábado, 8 de maio de 2010

Papel em Branco...

Ela olhava fixamente o papel em branco... Milhares de pensamentos soltos.

Belém, 14 de Maio de 2009

Meu querido.

Uma confusão de sentidos me impede de te escrever e prosseguir. Como te falar isso? Decidir falar isso tudo não foi nada fácil. Nunca fui de te contar realmente tudo o que sentia. Sempre me fechei no mundo, na verdade, no meu mundo, principalmente, quando estavas por perto; Sempre tão alegre. E mesmo que não estivesses muito, nunca paravas para reparar em mim e os teus olhos não me encontravam quando eu os procurava. Deves estar pensando... Mas até agora ela só reclamou.

Eu sei, vou avançar. Calma! É difícil pra mim também. Mesmo escrevendo essa carta, parece que ainda escrevo com todo receio de te machucar. Por que tantas vezes tive esse medo, se várias vezes fui alvo da tua falta de maturidade? Essa é apenas mais uma das mil perguntas que tenho que te fazer... Eu tenho realmente que fazê-las? Por que se eu as fizer quero respostas. Vais conseguir me responder dessa vez? Ou vai ser como das outras vezes que tentei chegar perto e fugiste?

Tá, vai... respira. Eu sei que é muita informação nova. Eu sei que nunca abri a boca pra falar ou reclamar de qualquer coisa entre nós. Mas se vim é porque já estou dando meu último suspiro por essa relação... Minha última gota de suor e meu último adeus.

Eu estou demorando muito pra falar o que é né?! Mas é que também estou me preparando psicologicamente para escrever certo e com todas as letras dessa vez.

Tá, lá vai... Senta direito numa cadeira. Provavelmente vai demorar um pouco. Com essa carta, vim te dizer o quanto sinto a tua falta do meu lado, no meu dia-a-dia. Nossos dias são corridos, mas a falta que me fazes é absurda. A tua mão na minha, teu rosto tão perto do meu, teus risos... Não to te cobrando aquele amor de quando éramos mais novos, to te falando pra ter mais tempo pra mim, pra me machucar menos e me deixar te mostrar muita coisa de mim que ainda não consegui. Me deixa respirar aliviada do teu lado, ao invés de me obrigar a me esconder nessa máscara e fingir que está tudo bem. Me deixa te mostrar o melhor que eu sou. Me deixa mostrar que posso ser a melhor pra ti. Eu to pedindo apenas uma única chance, porque eu nunca tive se quer alguma.

Me deixa...?

Quando pensei em te escrever tava com o discurso feito e tudo num cronograma pra seguir. Mas parece que mesmo pela carta me causas essa aflição de sempre e acabo esquecendo o que ia escrever e como ia escrever. Parece que o motivo pelo qual eu escrevi já não faz mais sentido e me sinto uma psicopata querendo atenção e suplicando amor. Não me entenda mal, não to pedindo nada disso. Só to pedindo, para me reconheceres como alguém na tua vida...

Ela parou de escrever ali, pousou a caneta sobre a mesa... Olhou fixamente pro papel escrito... Embolou em suas mãos, parou na metade do movimento... Mas a covardia foi maior...

Como todas as outras... Essa carta também parou na lixeira....

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Café com leite.

Andava pelas ruas... Como quem se despede da cidade, caminhava devagar, atenta aos detalhes, as cores e aos cheiros, sempre gostara muito dos cheiros – era sua melhor memória. Parou em frente a um café, olhou pela vitrine, viu um casal de apaixonados no canto. Lembrou-se com saudade dele. Sim, dele. O menino que gostava de cafés. Ele chama de leite, mas pra ela era sim um café com leite. Mas, para ele, café tinha que ser puro.

Ainda restara uma hora de almoço e seu trabalho era no prédio ao lado. Resolveu entrar, procurou um lugar perto do casal. Encontrou uma mesa perto da janela, logo atrás deles. Perfeito. Queria ter aquele sentimento junto a eles. Fazia tempo, desde que o menino se fora, que ela não se apaixonava. Tinha decidido dar trégua ao coração, descansa meu bem. Pediu um café com leite, queria sentir o gosto daquela boca novamente. Apesar de não gostar muito de cafeína, tomou pela lembrança, pelo gosto dele, pela sensação de que a qualquer hora ele entraria pela porta.

Costumavam ir aquele café juntos, como aquele casal apaixonado que estava a sua frente. Muita coisa tinha mudado desde que fora lá pela ultima vez, há um ano atrás. As mesas se multiplicaram e o fluxo de clientes era mais intenso. Lembrou o porquê de ter escolhido o lugar naquela época – quase não havia movimento, era perfeito pra um casal, que se encontravam as escondidas. Aquela xícara de café desencadeou toda a lembrança que tentava esconder e se livrar durante longos 12 meses. Deixou o café pela metade, bastou poucos goles para ter aquela antiga sensação de felicidade, que apenas sentia quando ele tava perto.

Analisou o casal de namorados, onde tudo eram flores. Os risos eram iguais, as juras de amor, os clichês e tudo o que envolve paixão. Ela sentiu inveja daquela cena. Balançou a cabeça rindo de si mesma. Olhou pela primeira vez pra rua lá fora, viu uma casa velha com uma frase que a fez pensar muito em tudo o que tava [re]vivendo. “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta).

O tempo tava fechando quando saiu de lá, chuviscos começaram a cair... Correra para não se molhar, tinha pouco tempo para terminar sua pilha de inquéritos. Por falar em tempo, tempo era o que queria para conseguir vê-lo preparar uma xícara de café com leite. Tempo esse que não volta mais, tempo esse que só restou na lembrança, talvez dela... Uma xícara de café com leite.

sábado, 1 de maio de 2010

Coisas de irmãs...

Sentada do meu lado, ela me olhava como se quisesse se comunicar de alguma forma. Sabia que se falasse comigo eu apenas olharia condenando seu ato. Ela gritava, esperniava, revirava os olhos, mexia o canto da boca, tentando disfarçar a vontade de querer falar comigo. Inventava mil assuntos pra fazer com que eu falesse. Apenas respondia um seco: uhum.


Eu só queria ficar quieta naquela hora, minutos depois eu ia querer falar. Mas a vontade dela era que eu não parasse nessas circunstâncias. Fala, fala, fala- ela me implorava. Mas eu apenas continuava com meu seco: Uhum.

Meia hora depois...

Lá estava eu, sorrindo virada pra ela... Falando, falando e FALANDO.