terça-feira, 6 de julho de 2010

Call me

Todas as outras malas já estavam no táxi que me esperava lá fora. Só restara, uma. Olhei pela ultima vez o apartamento que fora alvo de tantas fases boas e ruins da minha vida. Apaguei a ultima luz acesa e fui caminhando em direção a porta. Caminhava em passos lentos e nostálgicos, peguei na maçaneta. Aquela era a separação mais difícil, o meu cantinho sendo deixado pra trás pra continuar a caminhada do crescimento individual. Instantes antes de trancar a porta, o telefone tocou. Resolvi deixar tocar algumas vezes antes de atender, sinceramente eu não queria que ninguém soubesse que eu estava indo embora hoje. Sempre odiei despedidas e essa era a mais dolorosa de todas. Depois dos toques incessantes atendi ao telefone, era ela. Aquela voz suave e doce, que eu tanto amava escutar.
- Oi amor, falei.
Ela queria conversar, mas eu estava apressado demais para conversas agora. Mal falei com ela, ao mesmo tempo em que eu queria conversar eu tinha um avião me esperando e outra vida do outro lado do mundo. Não podia dar falsas esperanças. Na verdade, não eram falsas esperanças, era que o nosso amor teria que esperar, mais uma vez. Como todas as outras vezes.
- Boa viagem. Ela sussurrou.
A voz triste dela de me ver partir, cortou meu coração. Os nossos desencontros e encontros tomaram uma força violenta dentro da minha cabeça que mal pude escutar ela dar tchau. Desliguei no impulso. Fechei a porta, tranquei. Desci o elevador e entrei no táxi. Cheguei a tempo no aeroporto, embarquei. Tinha tantas coisas pra fazer que mal tive tempo para pensar como eu tinha agido com ela. Eu que agora só queria pensar no meu destino, não soube que ela ficou escutando o tu-tu-tu-tu-tu... do telefone quando eu desliguei, eu também não soube que ela falou que me amava e que era pra eu ficar. Desliguei rápido demais. Eu só soube disso, quando desembarquei no destino e me ligaram falando que ela... que ela... Sempre me amou...

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